Canção Mínima
No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta
REINVENÇÃO
A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pela águas, pelas folhas...
Ah! Tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo... -mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reiventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudos mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
NOITE
Tão perto!
Tão longe!
Por onde
é o deserto?
Às vezes,
responde,
de perto,
de longe.
Mas depois
se esconde.
Somos um
ou dois?
Às vezes,
nenhum.
E em seguida,
tantos.
A vida
transborda
por todos
os cantos.
Acorda
com modos
de puro
esplendor.
Procuro
meu rumo:
horizonte
escuro:
um muro
em redor.
Em treva
me sumo.
Para onde
me leva?
Pergunto a Deus se estou viva,
se estou sonhando ou acordada.
Lábios de Deus...
Sensitiva tocada.
30 de nov. de 2007
Cecília Meireles
29 de nov. de 2007
Mario Quintana
Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!
Quer livres, quer regulares,
Abrem sempre os teus cantares
Como flor de quintanares.
São cantigas sem esgares.
Onde as lágrimas são mares
De amor, os teus quintanares.
São feitos esses cantares
De um tudo-nada: ao falares,
Luzem estrelas luares.
São para dizer em bares
Como em mansões seculares
Quintana, os teus quintanares.
Sim, em bares, onde os pares
Se beijam sem que repares
Que são casais exemplares.
E quer no pudor dos lares.
Quer no horror dos lupanares.
Cheiram sempre os teus cantares
Ao ar dos melhores ares,
Pois são simples, invulgares.
Quintana, os teus quintanares.
Por isso peço não pares,
Quintana, nos teus cantares...
Perdão! digo quintanares.
Manuel Bandeira e Augusto Meyer
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
(Prosa e Verso, 1978)
"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira".
E, brincando com a morte: "A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos".
Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.
RECORDO AINDA
Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... Acreditai!
Que envelheceu, um dia, de repente!...
28 de nov. de 2007
Internet: Blog's e Webjornalismo
Megabytes, Gigabytes, hiperlink... Você sabe o que significam essas palavras?
Se você não sabe, nunca ouviu falar, você está por fora, desatualizado, está precisando de um Upgrade!
Um dos canais mais inteligentes de informação cresce a cada dia e alcança um número cada vez maior de adeptos. A internet revolucionou o jornalismo, a possibilidade de obter a informação direto da fonte, sem intermediários, torna-se cada dia mais forte. Conscientes do poder dessa ferramenta as grandes empresas de comunicação passaram por um processo de digitalização para encarar esse novo mercado. Jornais, revistas, emissoras de tv e rádio criaram suas interfaces na internet para não ficarem para trás no mundo virtual.
A internet já alcançou um quinto da população mundial e está presente no dia-a-dia de seus usuários. Hoje as pessoas namoram, casam, separam, estudam, trabalham, fazem compras e se informam pela rede. Essa nova tecnologia foi aceita e transformou o mundo em um curto espaço de tempo. A mudança alterou definitivamente o comportamento dos seres humanos. Faça os planos que quiser para sua vida pessoal e profissional, mas saiba que, de uma forma ou de outra, a Internet estará cada vez mais presente.
O jornalismo, como qualquer outra área da sociedade, também sofre os impactos do crescimento da internet e já mostra mudanças significativas. O fortalecimento dos blog's é uma delas. O jornalismo “tomou um fôlego” com a “invasão” dos blog's, um espaço de livre expressão que despertou o interesse de jornalistas e não jornalistas. As grandes mídias trataram de garantir sua fatia do bolo e “logaram” seus articulistas, cronistas, escritores, colaboradores. Os mais famosos e os menos famosos também.
Segundo a mestre em Tecnologias Digitais e professora de Jornalismo Online da UNIBH de Belo Horizonte, Lorena Tarcia, a facilidade de publicação no blog é certamente um atrativo. Ela afirma que a liberdade de expressão é uma característica da rede , não só dos blog's. No entanto os sites mais acessados ainda são os tradicionais. “A informalidade dos blogs é um ambiente democrático, mas corre o risco de cair no vazio, e é com isso que contam a mídia tradicional e jornalistas”.
Quanto ao futuro dos blog's jornalísticos, Lorena acredita não ser possível fazer muitas previsões, “a internet está em fase de experimentação das possibilidades da rede e os blog's são parte disso”. Uma mudança que está acontecendo é a incorporação da multimídia aos blog's. Em termos tecnológicos, os recursos de realidade virtual, formação de redes por afinidades e o seu aproveitamento depende sempre dos usuários, que costumam surpreender até mesmo as empresas que disponibilizam as ferramentas.
Os blog's têm cumprido importante papel na abertura de canais de interatividade entre o leitor/ internauta e os jornalistas. Para a professora Lorena Tarcia, a tendência é uma maior participação, que pode transformar o webjornalismo em um diálogo, mais do que nos discursos típicos das grandes mídias. Lorena questiona a tomada dos blog's pelos webjornais como ferramenta de publicação com as amarras de grandes empresas. “Existem muitas opiniões, há quem diga que blog mesmo, legítimo, só existe fora do guarda-chuva de uma empresa jornalística”.
Para Lorena o blog funciona como um gerenciador de conteúdo, que dá independência aos jornalistas e a todos aqueles que têm acesso à tecnologia. A possibilidade de interatividade, resposta imediata do leitor e da formação de comunidades e webrings (redes de sociabilidade ambientadas nos weblog’s) também são fatores atrativos. As pessoas querem se expressar e a internet deu a elas a ferramenta ideal para colocarem a boca no mundo.
Na opinião de Lorena Tarcia, o melhor é explorar, navegar, surpreender-se com coisas boas e ruins, aprender a diferenciar. Ela indica um único site que considera a porta de entrada para a blogosfera: http://www.technorati.com/. “Basta digitar jornalismo, para iniciar a jornada entre as centenas de vozes blogjornalísticas existentes hoje na web em língua portuguesa”.
O jornalista, escritor e roteirista Ricardo Soares encara sua recente relação com os blog's, como um namoro gratificante e surpreendente. Ricardo já havia feito um blog para cobrar um ex- candidato a presidência por serviços prestados, logo depois ele resolveu criar outro blog com temas variados. “Resolvi não queimar boas velas com mau defunto”.
Desde agosto deste ano Ricardo expressa suas opiniões e debate com os internautas sobre comunicação, política, cinema, televisão e vários outros assuntos no seu blog http://todoprosa.blogspot.com . “Ainda é uma grande novidade pra mim. Navegar entre blog's e seus inúmeros links tem sido uma descoberta e tanto e isso me fez ficar mais tempo dentro da Internet do que antes”.
A interatividade aproximou os jornalistas/escritores dos seus leitores/internautas, essa relação se estreitou na rede, onde a comunicação é mais direta e passa por uma revolução difícil de ser percebida pelos que põem pouca atenção na internet. O jornalista acredita que será preciso um distanciamento histórico para que os usuários percebam que o século XXI e os recursos digitais provocaram uma mudança radical entre o emissor e o emissário da notícia.
Diante desta nova realidade em os blog's podem alcançar status de fonte de informações, um dos maiores jornais do Brasil fez acusações sobre a parcialidade e a falta de credibilidade nos blog's. Ricardo questiona a postura do jornal. “Não acredito em imparcialidade em jornalismo de nenhuma espécie, isso é uma falácia criada por teóricos. É justamente na diversidade de opiniões dos blog's que reside o seu maior encanto”.
Para Ricardo os leitores não estão interessados em grandes teses, a diversidade de opiniões é o que chama atenção, e dá IBOPE. Ele cita o pioneiro Ricardo Noblat pela falta de inovação de conteúdo, falta de tempero, de humor, de um diferencial. Ele acredita que o sucesso de alguns blog's está na ousadia. É um território com múltiplas possibilidades, com interação entre textos e imagens, links, a troca de opiniões com o leitor. Aponta os blog's de não jornalistas como os menos comprometidos com uma visão reducionista dos assuntos. “O jornalista de blog ainda faz blogagem olhando pra o próprio umbigo e para suas fontes. Por isso o que de melhor vejo nos blog's são justamente os não Jornalísticos que tem ousado mais, criado mais e se comportado mais como incendiários e não como bombeiros”.
O jornalista aponta infinitas perspectivas para comunicação na blogosfera, sem um compromisso formal com a grande mídia, o blogjornalista tem liberdade para se expressar e dar ao blog uma identidade com a sua cara, e cabe a ele decidir o que será ou não publicado, de acordo com suas convicções. Ricardo Soares acredita que o webjornalismo ainda procura os melhores caminhos para conviver com o impasse de ter ou não opinião. “Assis Chateaubriand que dizia que se jornalista queria ter opinião que comprasse um jornal só para si. Os blog's põe abaixo isso”.
27 de nov. de 2007
pulga, formiga e piolho ou U.S.S., 17, morreu...
Carlos Luz
gente, como estrela, tem luz própria
deveria nascer iluminada e brilhar a vida toda
e não falo só daquela gente que já nasce
com quartinho desinfetado, azul ou rosa
repleto de bichinhos de pelúcia
falo de toda gente...
criança, como gente, tem vida
como bicho e como planta
pedras não têm vida
criança deveria ter infância
e não falo só da criança solidária
que doa o seu brinquedo velho
porque ganhou mais dez novinhos em folha
falo de toda criança...
pulga, formiga e piolho
nasceram gente e crianças
mas a rua os batizou como insetos
e insetos, tirando o vaga-lume,
não têm luz própria, só luz de gato
mas não têm sete vidas, só uma
e nem insetos são pedras...
amigos, como gente e insetos, convivem
inimigos não convivem
diz a rua que inimigo a gente mata
com qualquer coisa que se tenha a mão
até com pedra
alguns insetos são inimigos
ou a gente mata, ou matam a gente
na rua convivem gente, pedras e insetos...
pulga, formiga e piolho foram amigos
amigos inseparavelmente unidos
insetos, pedras e plantas não têm amigos
só gente tem esta capacidade
o que um fazia, os outros copiavam
o que um sentia, os outros queriam para si
amigos agem assim, amigo tem luz própria...
pulga foi o primeiro
a dar uma tragada
a pegar carona em rabeira de ônibus
a matar um gato a pedrada
a dormir na praça da marinha
a descolar uma grana em semáforo...
formiga foi o primeiro
a cheirar cola
a cheirar coca
a tomar pinga
a transar
a esfaquear gente...
piolho foi o primeiro
a dirigir um carro roubado
a conseguir um tresoitão
a conhecer um estabelecimento para
reeducação de menores transviados
a matar gente a tiro...
a vida é uma grande e maravilhosa aventura
pulga, formiga e piolho viviam juntos
não foram pedras, nem insetos, nem plantas
mas é difícil acreditar que foram gente
gente, como estrela, tem luz própria
deveria nascer iluminada e brilhar a vida toda...
pulga, formiga e piolho estão separados
formiga puxa cana no presídio estadual
do paradeiro de pulga ninguém sabe
piolho já não existe mais
a mãe do piolho o batizou como Ueslley
fez questão dos dois eles e do ípsilon do final
nome estrangeiro para se dar bem na vida
o esse esse era do Silva e Santos
sobrenome de pai e mãe, como na realeza...
Ueslley virou piolho
assim como Welington e Roberto Carlos
viraram pulga e formiga
de estrela, Ueslley só teve um dia
aquele em que suas iniciais saíram no jornal:
U.S.S., 17, foi morto...
Poesia premiada no Concurso de Contos e Poesias Cataratas, edição 2007
Curso da Folha de São Paulo
Os interessados podem se inscrever no site do jornal, serão selecionados 200 para um teste sobre conhecimentos gerais, dos quais, 40 passam por uma semana de palestras e entrevistas, e finalmente os 10 melhores participam do treinamento que deve ter início no segundo semestre de 2008.
No curso serão desenvolvidos exercícios de redação e reportagem, como utilizar o manual da folha e os preceitos da linha editorial do jornal. As matérias produzidas durante os três meses de treinamento serão publicadas num caderno especial da Folha.
Fonte: Comunique-se
26 de nov. de 2007
Centro de Saberes e Cuidados Sociambientais da Bacia do Prata lança Processo Formativo de Educação Socioambiental
O Lançamento contou com a presença de aproximadamente 3 mil pessoas, além de participações ilustres em palestras e debates sobre questões ambientais. Entre elas, Leonardo Boff, teólogo, escritor e ativista ambiental; Paulo Nobre, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE); Letícia Sabatella, atriz e ambientalista; Enrique Leff, coordenador da Rede de Educação Ambiental do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e os diretores gerais da Itaipu Binacional, Jorge Samek e Victor Bernal Garay.
O Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata foi estabelecido pelo Acordo de Cooperação Técnica, Científica e de Cooperação, assinado em novembro de 2006, em Foz do Iguaçu, pela Itaipu Binacional, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente/PNUMA e pela Fundação Parque Tecnológico Itaipu/FPTI, em presença do Secretário Geral do Comitê Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata/CIC e tem como objetivo trabalhar as questões socioambientais nos cinco países que compõem o sistema da Bacia do Prata.
Um Memorando de Entendimentos foi assinado em setembro de 2007, em Assunção, por Ministros e representantes dos Ministérios de Meio Ambiente e de Educação, pela Sociedade Civil dos países, pelo PNUMA, pela Itaipu Binacional e pela FPTI.
Os principais eixos de reflexão do Centro de Saberes são:
A água como tema integrador;
A Bacia do Prata como território operacional;
O pensamento ambiental como marco conceitual da ação;
A educação ambiental como mobilizador social e
A construção coletiva de conhecimentos, ações e organização.
Em 2008 pretende-se completar a formação do CAP II (Círculos de Aprendizagem Permanente) e iniciar o CAP III, com 150 participantes dos cinco países. O processo de educação socioambiental terminará em 2009, com a formação do CAP IV, com 900 educadores socioambientais em cada país do Prata, totalizando 4.500 educadores socioambientais formados.
9 de nov. de 2007
Brasil Socioambiental
O "Almanaque Brasil Socioambiental 2008" com ensaios fotográficos, mapas, curiosidades e textos interpretativos sobre assuntos ambientais foi lançado essa semana simultaneamente em 6 capitais brasileiras, nas cidades de Porto Alegre, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belém e Manau, a obra foi editada pela jornalista Maura Campanili, com mais de 120 colaboradores, apresenta um panorama atualizado dos biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, Pampa e Zona Costeira. A obra traz capítulos especiais sobre Diversidade Socioambiental, Florestas, Cidades, Água, Terras, Recursos Energéticos e Minerais e Modelos de Desenvolvimento.
O Almanaque foi idealizado, e é publicado desde 2005 pelo Instituto Socioambiental (ISA). Além da colaboração de jornalistas, a obra traz nos seus 11 capítulos as considerações de ativisitas e especialistas em diversos segmentos. Foram impressos 25 mil exemplares, 10 mil destinados para escolas públicas, bibliotecas, entidades e orgãos públicos de todo o país.
São abordadas questões como aquecimento global, devastação de florestas e os efeitos do homem no território brasileiro, mostra ainda, o trabalho desenvolvido através de campanhas em prol das causas ambientais. Numa linguagem simples, mas com conteúdo consistente, o Almanaque dá oportunidade ao leitor de conhecer e aprofundar o contato com essas questões, para que possam interagir e se integrar a ações para preservação dos biomas e melhorar a qualidade de vida.
Almanaque Brasil Socioambiental
Editora do Instituto Socioambiental
Preço: R$ 38,00
554 páginas